html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd"> QUOUSQUE TANDEM: Mota-Engil - Carta de Henrique Raposo a Jorge Coelho

CRITICA SOCIAL E POLITICA

Friday, November 26, 2010

Mota-Engil - Carta de Henrique Raposo a Jorge Coelho

“Caro Dr. Jorge Coelho, como sabe, V. Exa. enviou-me uma carta, com
conhecimento para a direcção deste jornal. Aqui fica a minha resposta.

Em 'O Governo e a Mota-Engil' (crónica do sítio do Expresso), eu
apontei para um facto que estava no Orçamento do Estado (OE): a
Ascendi, empresa da Mota-Engil, iria receber 587 milhões de euros.
Olhando para este pornográfico número, e seguindo o economista Álvaro
Santos Pereira, constatei o óbvio: no mínimo, esta transferência de
587 milhões seria escandalosa (este valor representa mais de metade da
receita que resultará do aumento do IVA). Eu escrevi este texto às
nove da manhã. À tarde, quando o meu texto já circulava pela internet,
a Ascendi apontou para um "lapso" do OE: afinal, a empresa só tem
direito a 150 milhões, e não a 587 milhões. Durante a tarde, o sítio
do Expresso fez uma notícia sobre esse lapso, à qual foi anexada o meu
texto. À noite, a SIC falou sobre o assunto. Ora, perante isto, V.
Exa. fez uma carta a pedir que eu me retractasse. Mas, meu caro amigo,
o lapso não é meu. O lapso é de Teixeira dos Santos e de Sócrates. A
sua carta parece que parte do pressuposto de que os 587 milhões saíram
da minha pérfida imaginação. Meu caro, quando eu escrevi o texto, o
'lapso' era um 'facto' consagrado no OE. V. Exa. quer explicações?
Peça-as ao ministro das Finanças. Mas não deixo de registar o
seguinte: V. Exa. quer que um Ninguém peça desculpas por um erro
cometido pelos dois homens mais poderosos do país. Isto até parece
brincadeirinha.

Depois, V. Exa. não gostou de ler este meu desejo utópico: "quando é
que Jorge Coelho e a Mota-Engil desaparecem do centro da nossa vida
política?". A isto, V. Exa. respondeu com um excelso "servi a Causa
Pública durante mais de 20 anos". Bravo. Mas eu também sirvo a causa
pública. Além de registar os "lapsos" de 500 milhões, o meu serviço à
causa pública passa por dizer aquilo que penso e sinto. E, neste
momento, estou farto das PPP de betão, estou farto das estradas que
ninguém usa, e estou farto das construtoras que fizeram esse mar de
betão e alcatrão. No fundo, eu estou farto do actual modelo económico
assente numa espécie de new deal entre políticos e as construtoras.
Porque este modelo fez muito mal a Portugal, meu caro Jorge Coelho. O
modelo económico que enriqueceu a sua empresa é o modelo económico que
empobreceu Portugal. Não, não comece a abanar a cabeça, porque eu não
estou a falar em teorias da conspiração. Não estou a dizer que
Sócrates governou com o objectivo de enriquecer as construtoras. Nunca
lhe faria esse favor, meu caro. Estou apenas a dizer que esse modelo
foi uma escolha política desastrosa para o país. A culpa não é sua,
mas sim dos partidos, sobretudo do PS. Mas, se não se importa, eu
tenho o direito a estar farto de ver os construtores no centro da vida
colectiva do meu país. Foi este excesso de construção que arruinou
Portugal, foi este excesso de investimento em bens
não-transaccionáveis que destruiu o meu futuro próximo. No dia em que
V. Exa. inventar a obra pública exportável, venho aqui retractar-me
com uma simples frase: "eu estava errado, o dr. Jorge Coelho é um
visionário e as construtoras civis devem ser o Alfa e o Ómega da nossa
economia". Até lá, se não se importa, tenho direito a estar farto
deste new deal entre políticos e construtores.”

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PS. – A propósito deste “modelo económico” que empobreceu Portugal,
deve lembrar-se ao país que no ano de 1991, ano em que o PSD e onde o
seu líder sr. Silva (hoje PR) ganhou aquela maioria absoluta, saíram
dos cofres da BRISA (na altura uma EP- Empresa Pública) a módica
quantia de 10 milhões de contos (hoje seriam 50 milhões de euros) para
pagar prémios às Construtoras por antecipação de obras em vários
troços de auto-estradas, a fim de permitir ao sr. Silva ir depois
proceder às inaugurações antes das referidas eleições em OUT.91. Como
aconteceu!

Mas o pior estaria para vir. Como esta notícia apareceu na TV (em
Junho.91) num debate entre o Guterres e o Pacheco Pereira (o
Intendente sempre de serviço!), o sr. Silva, através do seu gabinete
ordenou que na BRISA se procedesse a um rigoroso e exaustivo
inquérito, para apurar/saber quem foi o “malandro”, (as palavras não
serão dele) que cometeu tamanha traição à Pátria!  Quer dizer, o sr.
Silva não estava preocupado em apurar se de facto era verdade o
pagamento daqueles “prémios por antecipação de obra”, aquelas
“ofertas” aos empreiteiros, aquela gestão de dinheiros públicos ao
serviço das inaugurações! Ele queria era punir o “traidor”, o
“infiltrado”!!!  Houve o competente inquérito, efectuado por entidade
exterior à BRISA, mas não se descobriu o “malandro” que tanto lesou a
Pátria!  Era até interessante que algum jornalista, agora,  fosse
remexer neste “acontecimento”. Até porque estamos (estão)  em campanha
para Eleições Presidenciais.

Parece pois que quer o PS quer o PSD se entendem muito bem no que
respeita a empreiteiros de Obras Públicas……

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