TRABALHO ESCRAVO NOS "CHAMADOS" PAÍSES BAIXOS

A comunicação social tem-nos brindado ultimamente com notícias vindas da Holanda sobre hipotéticos abusos cometidos por entidades patronais daquele país sobre mão-de-obra portuguesa. Tenho lido com muita atenção e ainda há menos de 2 horas tive ocasião de ouvir que o próprio embaixador português em Haia visitou ontem o acampamento do grupo de portugueses objecto da referida notícia. Aparentemente o nosso diplomata não ficou bem na fotografia, já que os testemunhos que ouvimos não lhe são muito favoráveis. Entretanto algo mais foi dito - os trabalhadores foram "engajados" por uma empresa intermediária (quando é que a comunidade europeia pôe ordem nessa actividade de "contratadores a tempo certo"?) que no seu esquema de trabalho prevê ( e está nos contratos assinados) que o 1º pagamento seja efectuado apenas após 3 semanas de trabalho efectivo, significando isto que a empresa ficará sempre com uma caução para o que der e vier, locupletando-se ainda com o rendimento consequente (x dias vezes y euros em z tempo, é dos livros multiplicado por n situações pode dar muito dinheiro !).

Sabem porque tenho tanta curiosidade no caso ?

É muito simples. Tenho um passaporte antigo, quer dizer fora de validade, com um carimbo encarnado aposto pela polícia holandesa de Amsterdam, após me deixar na fronteira da Bélgica o que significa que com aquele documento estava proibido de entrar naquele país.

Nesse tempo, estudante universitário na Faculdade de Direito de Lisboa em deambulação pela Europa das Pátrias e das liberdades, após tomar conhecimento de que vários portugueses exercendo o mesmo trabalho que outros colegas holandeses, eram "roubados" por não lhes serem pagas horas extra ou nocturnas, denunciei o facto junto da autoridade e a resposta não demorou, como atrás referi. Por isso o meu interesse por uma situação que já não é nova e que pelos vistos está para durar.